Luta, determinação<br>e confiança

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política)

É sempre com imensa e justa alegria que comemoramos o aniversário do nosso Partido, deste Partido que é uma força viva, actuante e combativa – o grande baluarte na defesa dos interesses dos trabalhadores e das massas populares – que, nos quase cem anos da sua existência, foi capaz de ombrear com as mais exigentes tarefas para fazer avançar a roda da História no sentido do progresso, da liberdade, da democracia, do socialismo, da elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo.

É preciso libertar o País dos constrangimentos

Uma parte significativa da longa vida do Partido foi vivida em estreita ligação à classe operária, aos trabalhadores, ao nosso povo, a encontrar respostas e a abrir os caminhos, num combate sem tréguas que haveriam de conduzir à Revolução de Abril, cujos 43 anos estamos prestes a comemorar. Ligação e estreitamento que prossegue, e que temos dedicadamente de reforçar, nas condições concretas do tempo em que vivemos e actuamos.

A evolução da situação internacional, envolvendo as principais potências capitalistas é motivo de séria preocupação pelo que comporta de crescentes riscos para os trabalhadores e os povos. Ao contrário do que alguns propagam, a nova administração Trump não quer investir menos no reforço militar, incluindo na Europa. Pretende, isso sim, que os países da NATO reforcem também os seus orçamentos militares: reforço dos orçamentos militares para maior resposta aos interesses dos EUA e reforço desses mesmos orçamentos para avanços no bloco político-militar da União Europeia no quadro da sua acção complementar à NATO.

Os que no plano nacional rejubilam com essa perspectiva e dizem querer estar no pelotão da frente (outra vez a conversa do pelotão da frente) teimam em não querer retirar o ensinamento de que mais inserção externa não tem significado melhores capacidades nacionais nos seus diferentes planos e que cada salto nessa inserção significa afastamento dos princípios e valores constitucionais. Como referiu o Secretário-geral do Partido, introduzindo um outro vector dessa inserção externa: «É uma perigosa ilusão pensar que os interesses nacionais se defendem no quadro do reforço da União Europeia. O reforço da União Europeia e do euro não trará a solidariedade que nunca existiu».

Ampliar a consciência
da política necessária

A campanha que lançámos e está em desenvolvimento sob a consigna «Produção, Emprego, Soberania. Libertar Portugal da submissão ao euro», promovendo um amplo debate sobre a produção nacional e a necessidade do seu incremento, sublinhará a importância da libertação do País da submissão ao euro, associada à renegociação da dívida e à recuperação do controlo público da banca, para enfrentar os constrangimentos externos, recuperar a soberania monetária e orçamental, libertar recursos para o investimento público, melhorar os serviços públicos e reforçar as funções sociais do Estado.

Como temos repetidamente insistido, e sido quase igual número de vezes silenciados, o que o País precisa é de uma política patriótica e de esquerda. Uma política com uma visão e objectivos opostos aos que conduziram Portugal ao declínio e empobrecimento. Uma política que liberte o País dos constrangimentos que bloqueiam o seu desenvolvimento.

Intensificar a luta

Depois da magnifica Manifestação de Mulheres do passado dia 11, promovida pelo MDM, temos pela frente a comemoração do 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, em que se destaca a manifestação nacional da juventude trabalhadora contra a precariedade convocada pela CGTP-IN/Interjovem, bem como a preparação da jornada do 1.º de Maio a partir de uma acção nos locais de trabalho e sectores que traga para as ruas e praças do nosso País os problemas concretos. Um 1.º de Maio de festa, sim!, mas um 1.º de Maio de luta e reivindicação.

A realidade é que se o País precisa de um PCP mais forte para novos avanços na solução dos problemas nacionais e para o melhoramento das condições de vida do povo, a luta e o seu desenvolvimento é condição imprescindível, e todos os militantes do Partido estão não só convocados, como têm de ser agentes da sua dinamização e mobilização.

No contexto das exigentes tarefas que temos pela frente ganha maior importância a afirmação distintiva do projecto da CDU, o carácter diferenciador das suas propostas e opções, a dimensão de alternativa clara e assumida à gestão e projectos de outras forças políticas, sejam PSD e CDS, seja PS ou BE.

Promover desde já o indispensável envolvimento e mobilização de muitos democratas e patriotas, dinamicamente lançar a vasta tarefa de constituição de centenas de candidaturas, afirmar a CDU como um amplo espaço de participação democrática, são vectores essenciais a desenvolver. Neste contexto, insere-se a preparação e realização do Encontro Nacional do Partido do próximo dia 8 de Abril na Aula Magna em Lisboa.

As exigências que se nos apresentam são grandes, mas maior é a nossa determinação. Determinação que não pode deixar para plano secundário a decisiva tarefa de reforço do Partido nos seus diversos aspectos.

 



Mais artigos de: Opinião

Zangam-se as comadres…

Em entrevista ao Público, publicada na segunda-feira da semana passada, a líder do CDS-PP e tristemente célebre ex-ministra da Agricultura do governo PSD/CDS-PP admitiu que o «assunto BES» nunca foi discutido «em profundidade em Conselho de Ministros». E até terá...

Legalização da prostituição, não!

A propósito da aprovação pelo PS de uma moção que prevê a legalização da prostituição no nosso País, o programa Prós e Contras dedicou a sua edição da segunda-feira passada ao tema. O programa foi o que se esperava:...

Ainda a CGD

Apenas na região Norte, desde Dezembro de 2012, foram encerradas 89 agências da Caixa Geral de Depósitos. 54 dessas agências foram-no durante a vigência do governo PSD/CDS. Estes números, crus como a realidade sempre é, indicam-nos dois factos que é...

Eleições e extrema-direita

As eleições legislativas holandesas de dia 15 foram as primeiras de uma sequência de processos eleitorais nas principais potências da União Europeia. Tal como relativamente à discussão em curso sobre o futuro da UE, também a discussão pública e publicada...

Mais valia

«De férias, à distância e sem conhecer os dossiers» foi assim que Assunção Cristas, segundo a própria em entrevista ao Público, assinou o decreto-lei da resolução do BES, acrescentando que «os temas da Banca nunca foram discutidos em...